O que motiva um executivo a pagar propina?
Me perdoem o trocadilho, mas, em sã consciência, o que MOTIVA um
executivo, ou melhor, um grupo de mais de uma dezena de executivos, a montar um
intrincado esquema de pagamento de propina a agentes públicos? Sem dúvida um
prato cheio para o professor Eugene Soltes, autor do livro “Why they do it? Inside
the mind of the White-colar criminal”.
- são pessoas de
personalidade fraca, facilmente manipuláveis, que cedem facilmente a pressões
externas? Não acredito;
- querem manter o EBTIDA nas
alturas e assim garantem um belo bônus e até o emprego? Penso que não correriam
tanto risco, incluindo o de perder o visto para visitar a Disney com os
netinhos, em troca de alguns trocados a mais;
- ou simplesmente cumprem
ordens, verdadeiros paus-mandados de acionistas inescrupulosos que tem no DNA o
uso de práticas não republicanas, recebendo remunerações galácticas para atuarem
como feitores de fazenda no Mississipi do século passado? Bingo !!!
Como tais "eventos" também (e quase sempre) acontecem em
empresas listadas fica a incômoda pergunta para o nosso sonolento Xerife: por
que tais executivos não são inabilitados por quebra do dever de diligência?
Sim, além do crime de subornar agentes públicos o executivo quase sempre frauda
registros contábeis para viabilizar a saída de dinheiro do caixa da empresa.
A CVM sabe os nomes dos delinquentes de colarinho branco, afinal
tem convênio com o MP para conhecer os acordos de delação premiada/leniência,
também conhecidos como “acordos de saliência”, e tem acesso aos trabalhos dos
chamados "comitês especiais" criados pelos conselhos de administração
para apuração dos fatos. E no caso específico na empresa que cata
moedinhas nas estradas os executivos foram agraciados com o recebimento de
bônus de incentivo à delação, por intermédio de contratos que podem ser verificados
pelo Xerife.
Queridos amigos possuidores de carteirinha da OAB, não me venham
com a esparrela que os acordos de leniência representam um
"zeramento" das pendências desses meliantes com a sociedade. O uso de
tornozeleiras eletrônicas ou a prestação de serviços comunitários (que serviços
são esses? Será que varrem o pátio de uma creche municipal?) resolve o problema
do meliante na esfera penal, mas o "boleto" na esfera administrativa
continua pendente. Afinal, eles usaram a caneta de Administrador de uma empresa
listada, desviaram dinheiro do caixa de uma empresa listada; se o esquema fosse
feito na empresa do controlador, como parece que foi o caso do grande açougue,
eu não estaria perdendo meu tempo, trocando um banho de mar no “Caribrejo” (https://vejario.abril.com.br/cidade/caribrejo-brejo-caribe-praia-flamengo-balneavel-nova-onda-verao) pela ponte aérea para participar de uma AGE de mentirinha na
Vila Olímpia (Ainda estou aqui...) ou abrindo processos na Rua Sete de
Setembro.
Abraços fraternos,
Renato Chaves
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