Auditorias dormem no ponto?

A condenação de uma auditoria de 4 letrinhas pelo STJ (matéria de Laura Ignacio no link https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2025/03/05/stj-condena-kpmg-a-pagar-indenizacao-milionaria-a-investidor.ghtml) reforça a opinião de que o papel da auditoria externa tem que ser revisto, deixando de lado o modo “Vampeta” de ser. Sim, a célebre frase do então jogador do time da Gávea em 2001 (“Eles fingem que me pagam e eu finjo que jogo"), se enquadra muito bem no status atual dos serviços de auditoria nas empresas listadas: o “mercado” aceita pagar o ano inteiro para receber 4 relatórios no ano, sendo que 3 deles, os relatórios nos ITRs, terminam com a seguinte conclusão: “Portanto, não expressamos uma opinião de auditoria.” É o famoso “tirando o corpo fora”. Já pensaram em pagar uma consulta médica e depois de descrever sua noite de nariz entupido, coriza, dor de cabeça e tosse, ouvir do médico que possivelmente você está gripado, mas essa não é uma opinião médica.

Escrevi sobre essa “aberração” em 2012 (https://www.blogdagovernanca.com/2012/08/opiniao-da-auditoria-externa-nos-itrs.html) e tivemos alguma melhora, mas ainda observamos pareceres de empresas “enroladas” sem um PAA de alerta.

E as grandes fraudes? Para elas a desculpa é que existem riscos de distorção relevante nas DFs, distorção que pode ser causada por fraude ou erro, e, no melhor estilo “tirando o corpo fora”, alertam que “o risco de não detecção de distorção relevante resultante de fraude é maior do que o proveniente de erro, já que a fraude pode envolver o ato de burlar os controles internos, conluio, falsificação, omissão ou representações falsas intencionais”. Resumindo, se a fraude for bem planejada ela passa fácil, fácil.

Que tal reduzirmos para 2 relatórios no ano, mas relatórios que elaborados com rigor, que expressem verdadeiramente uma opinião de auditoria?

Abraços fraternos,

Renato Chaves

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