O escândalo azul da cor do céu.

Nas minhas curtas férias de 21 dias fui "surpreendido" pela notícia de que uma empresa aérea brasileira prestes a quebrar havia concluído um acordo com seus credores para evitar a recuperação judicial (veja na matéria da jornalista Raquel Brandão da Exame IN em https://exame.com/insight/azul-chega-a-acordo-com-90-dos-arrendadores-e-aumento-de-capital-pode-acontecer-ainda-em-outubro/p).

Empresa aérea prestes a quebrar é um eufemismo, pois elas já nascem quebradas, nos afirmam os sábios professores de administração financeira. 

Mas o caso da empresa colorida chama a atenção porque o seu acionista controlador preside desde sempre o conselho de administração e recebe uma remuneração exagerada quando comparada com outras empresas do Ibovespa, como grandes instituições financeiras e algumas empresas com atuação no exterior.

2023	PCA
AMBEV S/A	12.998.750,00
AZUL	16.668.408,00
B3	3.852.390,11
BRADESCO	6.606.014,55
BRASKEM	2.554.800,00
BTGP BANCO	4.800.000,00
COGNA ON	7.031.398,06
GERDAU	6.296.694,00
HAPVIDA	29.247.780,33
ITAUUNIBANCO	18.509.021,00
LOCALIZA	12.681.423,61
LOJAS RENNER	10.065.796,50
MRV	10.325.122,00
P.ACUCAR-CBD	16.779.265,97
RAIZEN	57.411.885,40
REDE D OR	37.286.235,00
SANTANDER BR	3.744.600,14
SUZANO S.A.	7.482.885,39
TOTVS	7.203.603,25
WEG	3.080.628,85

 

Um caso típico de expropriação de valor dos acionistas minoritários, pois na AGO que define a verba global o controlador vota e no minuto seguinte ele aprova no conselho de administração que a maior parcela dessa verba global vai para o próprio bolso. Conflito de interesses que só o sonolento Xerife não enxerga.

Já sei que a empresa, mesmo depois de falhas seguidas de preenchimento do formulário de referência, vai afirmar que os valores declarados envolvem ações, sem saída de caixa da empresa. Conversa para boi dormir; pouco importa se o esperto controlador recebeu esses valores em ações ou em palitos de sorvete Kibon, o que importa é o que está declarado. Ações não tem valor? Aceito doações na minha conta de custódia na B3.

Ora bolas, o cara comanda há anos o conselho que desenhou uma estratégia catastrófica para a Cia. e ainda leva um bolo de dinheiro para casa?

Cadê os acionistas minoritários, ou melhor, os "minorotários"?

Abraços fraternos,

Renato Chaves