Empresas com funcionários “anabolizados” são sustentáveis?

O uso indiscriminado de fármacos para acelerar o desempenho no trabalho, as chamadas “smart drugs”, parece ser uma prática mais comum do que se imagina e aparentemente os conselhos de administração continuam inertes, em um estado de aparente cegueira deliberada (https://valor.globo.com/carreira/noticia/2024/02/29/como-as-smart-drugs-estao-sendo-consumidas-em-companhias-do-pais.ghtml).

Liderados e incentivados por executivos gananciosos, que só olham para a última linha do resultado, e consequentemente para os milionários bônus anuais nas contas-correntes pessoais, jovens “colaboradores” são levados a acreditar que trabalhar 14/16/18 horas por dia traz uma vantagem competitiva na carreira, mesmo que essa vantagem seja frágil/provisória e que para obtê-la tenham que fazer uso de drogas “legais”.

Trabalha-se quase que em um estado de euforia, algo “turbinado” por um ambiente de trabalho “moderno” e descontraído, com áreas de lazer/descanso; quem quiser vai trabalhar de bermuda e camiseta, refrigerante liberado, pode levar o cachorro, etc, etc.

Ainda que possa parecer um assunto de foro íntimo, estudos revelam que existe um incentivo velado ao uso de “smart drugs”.

Esse incentivo é sutil, “vendido” com um discurso de modernidade (tem empresa com mesa de ping pongue e totó), sendo comum gestores oferecerem rodadas de pizza ao final do expediente para descontrair o ambiente. Encontros do tipo “happy hour” são comuns e fazem a alegria dos jovens “colaboradores”; quem não participa é visto com reservas por chefes e colegas.

Junta-se a isso o incentivo à competição, por vezes com práticas imbecis como o recente caso do desafio entre estagiários de uma grande corretora de valores para ver quem comia mais nuggets no prazo de 2 horas, e temos o ambiente perfeito para uma busca insana por resultados. Essa á a cultura empresarial do século XXI.

Que tal incluir o tema “saúde mental dos trabalhadores” nas pautas dos conselhos de administração?

Abraços fraternos,

Renato Chaves

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