A glamourização do acionista de referência.
Recentemente fui procurado por uma jornalista que afirmou que
determinada empresa, uma importante “corporation” listada na B3 envolvida em um
agitado processo de eleição de conselheiros de administração, estava sofrendo
por não ter um acionista de referência claramente identificado.
Em um brilhante artigo publicado recentemente na prestigiada
revista Capital Aberto, o advogado Richard Blanchet nos define o termo
“acionista de referência”, apresenta seus deveres e responsabilidades e faz alguns
alertas (Acionista de referência – deveres e responsabilidades – no link https://capitalaberto.com.br/canais/acionista-de-referencia-deveres-e-responsabilidades/#:~:text=Embora%20n%C3%A3o%20haja%20uma%20defini%C3%A7%C3%A3o,assegurar%2Dlhe%20o%20seu%20controle).
Mas além de acesso privilegiado à Administração da empresa (algo
questionável e perigoso) e a justa influência na composição dos órgãos de
governança (quem tem voto tem poder, certo? Quem contrata a banda escolhe a
música), o que mais deseja esse tal de “acionista de referência”? Como separar
“influência significativa” de poder de controle disfarçado? Vamos acreditar na
boa fé de todos? E o que esse acionista diferenciado tem a oferecer, qual é o
seu borogodó? Existe uma glamourização do conceito? Será que o “raio
gourmertizador”, que transforma pamonha de R$ 2,00 em massa de milho orgânica
aglutinada com leite de coco de R$ 15,00, saiu das cozinhas e chegou nas salas
das assembleias de acionistas?
Lembram do caso da empresa de shopping centers sediada no Leblon que
tinha um CEO que usava e abusava do caixa da empresa em proveito próprio (com
faturamento de R$ 1,2 bilhão o esperto CEO ganhava igual ao coleguinha da Ambev
a gigante com faturamento de R$ 45,6 bilhões à época !!!)? Pois é, a atuação
coordenada de um conjunto de acionistas na AGO foi essencial para bater com a
borduna na mesa e colocar o malandro para correr. Mas reparem que nenhum
acionista ligou os holofotes para se autodeclarar “acionista de referência”.
Para finalizar vou citar três exemplos marcantes de atuação
catastrófica recente de “acionistas de referência” no nosso Brasil varonil: (i)
a turma do Zeca com o velho maratonista na empresa que mata franguinhos e
porquinhos (quase quebraram a empresa ...), (ii) o Junior na farmacêutica (com
21,38% do capital social mandou pagar propina para políticos) e os GGG na
finada Americanas.
Abraços fraternos,
Renato Chaves
É MESMO ISSO.
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