Quantos TACs sua empresa investida assinou nos últimos 5 anos?
Pesquisando
os fatores de risco de empresas listadas, revelados nos respectivos formulários
de referência, me espantei com a enorme quantidade de termos de ajuste de
conduta que essas empresas assinam.
Sob
a ótica da gestão de riscos, sempre ele, vocês acham razoável uma empresa
listada, famosa petroquímica baiana que compõe o pomposo ISE - índice de
sustentabilidade da B3 (que por acaso também tem empresa corruptora na sua
composição - https://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-de-sustentabilidade/indice-de-sustentabilidade-empresarial-ise-b3-composicao-da-carteira.htm), declarar que assinou DEZ
termos de ajuste de conduta, sendo 3 no âmbito de infrações ambientais e 7 na
esfera trabalhista?
Isso
sem falar nas multas bilionárias por práticas não republicanas, leia-se
pagamento de propina, reveladas no capítulo 4 do formulário de referência que
mais parece um catálogo telefônico dos anos 80 de tão extenso. Afinal, para um
investidor stewardship-raiz, o que representa R$ 3,070 bilhões pagos em acordos
de leniência? E ter um ex CEO preso? É a tal linha “risco assumido” da planilha-em-branco-que-aceita-qualquer-desaforo?
Pagou dividendos é só tampar o nariz?
E
não se trata de um caso isolado, fruto do jeitinho meigo de administrar dos
“bons” empreiteiros brasileiros. Parece que a regra no Brasil é descumprir a
legislação e, se for pego, empilhar os famigerados TACs sobre a mesa (para a
alegria dos advogados).
Vejamos
o caso da não menos famosa siderúrgica mineira da bucólica Ipatinga, igualmente
componente do ISE), que declara nada menos que 16 TACs/TCs na área ambiental, 4
na área civil e 11 no âmbito da justiça do trabalho (!!!). É sustentabilidade
que chama, não é?
E aí querido gestor, quantos TACs
as empresas das suas carteiras assinaram nos últimos anos? Quantos milhões de
reais/dólares pagaram de multas por serem pegas pagando propinas (e tome
acordos de “saliência”)? E crimes ambientais? Vocês têm memória curta ou
seletiva? Cegueira deliberada ou pacto pela mediocridade?
Não Renato, veja bem, a empresa
mudou, contratou figurões/figuronas elegantes para o Conselho de Administração,
criou a diretoria de compliance, lançou um manifesto ESG, o empreiteiro
acionista controlador jurou ser fiel à bíblia de sustentabilidade da B3 e nunca
mais pagar propina, bláblábláblábláblá...
A pergunta que sempre faço para
os gestores de recursos: você seria sócio, na pessoa física, de um empreiteiro
sabidamente corruptor, caroneiro frequente nos camburões da Polícia Federal?
Imaginem se a nossa vida
cotidiana fosse infestada de TACs... O cachorrinho do 401 fez suas necessidades
dentro do elevador? TAC no dono... O louco do 1001 soltou um morteiro na
garagem para comemorar a vitória do seu time? TAC no abestado... E o pessoal do
901 que adora prolongar suas barulhentas festinhas até 5h da manhã? Um TAC
resolve tudo, e assim a nossa vida coletiva seria um inferno, não é?
Pau que nasce torto nunca se
endireita, já dizia a turma do “É o Tchan”, conterrâneos da petroquímica baiana
que emoldura essa postagem.
Abraços fraternos,
Renato Chaves
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