Fraudes corporativas e o poder do jornalismo investigativo.
Terminei fascinado a leitura do livro “Bad blood – fraude bilionária no
Vale do Silício”, do jornalista John Carreyrou (Alta Books Editora). O cara é
fera, ganhador por duas vezes do Prêmio Pulitzer dentre outras premiações.
Eis alguns “temperos” para criar uma grande fraude (a empresa chegou a
valer US$ 9 bilhões antes de falir):
·
O carisma do
CEO – segundo o autor, a criadora da Theranos, Elizabeth Holmes, “emitia uma
campo de distorção da realidade que forçava as pessoas a momentaneamente
suspenderem a sua descrença”. Chegou a ser comparada por seu antigo professor
em Stanford a Newton, Einstein, Mozart e Leonardo da Vinci;
·
Monte um
conselho de figurões. Eram “homens de reputação ilibada e heroica”: ex-secretário
de Estado e do Tesouro norte-americano George Shultz, ex-secretário de Estado
dos EUA Henry Kissinger, ex-secretário de Defesa dos EUA William Perry,
ex-diretor da Comissão dos Serviços do Exército no Senado Sam Nunn e o
ex-almirante da Marinha Gary Rougehead. Conselho de notáveis e de “fachada”,
pois segundo o conselheiro Schultz “nunca votamos nada na Theranos. Era
inútil”;
·
Minta
descaradamente nas projeções: investidores acostumados a juros de 1% a.a. adoram.
Em 2014 a Partner Fund pagou US$ 17 por ação, US$ 2,00 a mais por ação que o
Grupo Lucas Venture pagou 4 meses antes. “Mal sabiam eles que Sunny (o
“mentor/cumplice” da CEO) inventara todos esses números do nada”;
·
Adote a ação
com Superpoderes, tão defendida aqui por alguns estrelados “liberais”. No caso
em questão a CEO trambiqueira aprovou uma resolução que garantia 100 votos para
cada ação que ela possuía, ficando com 99,7% dos direitos de voto.
Abraços fraternos,
Renato
Chaves
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