Boi gordo ou touro magro?
Esses
marqueteiros da B3 merecem ser estudados pela NASA. A empresa, bastante questionada
por praticar remunerações faraônicas para seus executivos (tem até processo na
CVM, fresquinho, fresquinho), arrumou sarna para se coçar. Assim como o mar não
está para peixe, o pasto não está para touro. Com poucos dias de vida, o “touro
de ouro” virou meme na rede (cow parade? Prefiro uma estátua do CDI, etc, etc)
e alvo de protestos mais contundentes. Sugiro retirar o “touro medroso” antes
que o mercado chegue a 90 mil pontos (medroso sim, ele está refugando, bem
diferente do primo norte-americano), pois como diria Nelson Rodrigues isso pode
ser obra do “sobrenatural de Almeida”.
“Touro
de ouro” ou boi tolo (o bloco de carnaval que não termina nunca)? Lembrei na
hora do boi gordo – sempre desconfiem de novos produtos que investem rios de
dinheiro em propaganda, especialmente se contratarem artistas globais.
Em um
dos países com mais desigualdade no mundo (https://www.cnnbrasil.com.br/business/desigualdade-no-brasil-cresceu-de-novo-em-2020-e-foi-a-pior-em-duas-decadas/), os iluminados da B3 resolvem
importar um símbolo dos EUA, que aqui ganha ares de “touro de ouro” (https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2021/11/16/touro-de-ouro-b3.htm), enquanto empresas do nosso mercado
resistem em “importar” boas práticas de lá, como indicadores relacionados com o
tema ESG divulgados de forma padronizada. Sim, a poderosa associação brasileira
de empresas listadas é contra a adoção de indicadores de ESG nos Formulários de
Referência, como aquele que trata da relação entre a remuneração do CEO e o
salário médio da empresa.
Ou
seja, o que serve para lá não deve ser praticado aqui.
Sabem
por que? Vergonha !!!
Enquanto
lá esse índice gira em torno de 351 vezes (https://www.epi.org/publication/ceo-pay-in-2020/) e por volta de 299 vezes nas
empresas do SP500 (https://aflcio.org/executive-paywatch/company-pay-ratios), por aqui é comum vermos a relação
passar de 500 vezes !!! Aliás, esse estudo inédito será divulgado brevemente em
parceria com o jornal Valor Econômico.
Mas
vamos falar de coisas boas, antes que me chamem de pessimista (todo
botafoguense é um realista esperançoso – e viva o mestre Ariano Suassuna). Vou
aproveitar o espaço para fazer algo que raramente faço: divulgar um livro para
quem atua no mercado de capitais. Sem jabá, almoço ou cafezinho.
Trata-se
de “Comissão de Valores Mobiliários – precedentes comentados”, Editora
GEN-Forense, com vários autores, sob a organização de Gustavo Tavares Borba,
Rodrigo Tavares Borba e José Gabriel Assis de Almeida.
Em
mais de 600 páginas, lá tem de tudo: conflito de interesses, insider trading,
aspectos contábeis, etc., bem organizados em capítulos por tema.
Esse
livro eu vou levar para as assembleias, especialmente naquelas empresas que
contratam figurões do direito societário para “espancarem” acionistas
minoritários que insistem em fazer perguntas inconvenientes, como aquela feita
na Av. Chedid Jafet: os executivos que lideraram o esquema de pagamentos
indevidos para agentes públicos serão processados pela Companhia?
Abraços
fraternos,
Renato
Chaves
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