Nova safra de IPOs: empresas arrumadinhas para inglês ver?
O excesso de liquidez permitiu que os bancos de investimentos se
entupissem de dinheiro na recente onda de ofertas de ações. O “mercado” está
comprando tudo; tem até oferta de ações PN, acreditem.
Interessante notar que os sistemas de governança parecem ter saído de uma
receita de bolo dos escritórios de advocacia, verdadeiro copia-cola (palmas
para os estagiários, gente que rala): todas as 22 empresas tem comitês de
auditoria (pesquisa feita na lista da B3 - http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm). “Que beleeeeza !!!”, dirão os ingênuos e o
famoso narrador de futebol. Como assim, existem ingênuos no mercado de capitais?
Diz a lenda que você deve desconfiar dessas ondas do mercado quando o
ascensorista e o engraxate te perguntam sobre o comportamento da ação A ... ou
X.
Pois lá vai a 1ª provocação: se o sistema de governança está sendo
criado do zero por que não colocar no Estatuto Social que os comitês de
auditoria são obrigatórios? Comitês não estatutários podem ser extintos de acordo
com o humor do controlador; medinho de controlador iniciante? E por falar em
comitês de auditoria, teremos relatórios públicos dos trabalhos realizados? Ou
a falta de transparência continuará a usual de mercado? Já viram alguma
denúncia formulada por COAUDs? Vale lembrar que duas famosas empresas
investigadas pela Polícia Federal por pagamento de propinas para fiscais da
Receita tinham robustos COAUDs, regiamente remunerados com importantes figurões
(notícia fresquinha de 22/10).
2ª provocação: o blábláblá dos princípios ESG. Cadê a diversidade nos
conselhos? Só tem homens brancos, com suas Mont Blanc e seus Rolex (cuidado em Congonhas...), ternos
italianos, barba feita e perfil conciliador de lorde inglês recém-saído do
Palácio de Buckingham.
3ª provocação: somente 3 empresas instalaram conselhos fiscais na
largada. Será que essas empresas acreditam no sucesso da nefasta campanha da
associação brasileira de controladores (deveria se chamar Abrasco), que tenta
excluir dos boletins de voto à distância a opção de pedido de instalação de
conselhos fiscais nas AGOs de abril? A CVM vai se curvar diante da pressão? Lembram-se
da correria que foi quando deu crash nas empresas X, um verdadeiro barata-voa
na tentativa de instalar conselhos fiscais? Pois é, a história é cruel, e por
vezes se repete.
Abraços fraternos,
Renato
Chaves
P.S. : no próximo dia 9/11, às 18h, participarei de uma live com Vicente Camilo sobre a "disputa pela Linx", promovida pela Engagee.me no YouTube (link https://youtu.be/zzlFUm6UN5M).
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