Assembleias de acionistas: a batalha dos Rolex.
Sei
que vou arrumar “treta” com metade da OAB, mas como tenho muitos amigos
advogados lá vai: as AGO/AGE, dominadas por homens engravatados (já viram uma
advogada na presidência desses encontros? Nunca vi em mais de 850 milhões de
assembleias presenciais e virtuais ... quem souber de “umzinho” me avisa, manda
a ata por favor), parecem uma batalha de pavões, com a alternância de discursos
ríspidos “de novela” e elogios ensaboados para definir quem ostenta a mais bela
plumagem.
Abre
aspas: tenho que enaltecer o apoio logístico da legião de bravos estagiários, pois
sem eles tais encontros estariam fadados ao insucesso; advogado com mais de 35
anos não sabe rodar a planilha para calcular o “número mágico” de ações
necessárias para a eleição por voto múltiplo.
Fico
imaginando a angústia desse povo com o advento das assembleias virtuais – haja estoque
de gel para alisar cabelo !!!
Já
escrevi bastante sobre assembleias, que chamo carinhosamente de teatro de
bufões (vejam as crônicas dos dias 12/6/20 e 17/11/18 em https://www.blogdagovernanca.com/2020/06/o-enigmatico-caso-dos-advogados.html e https://www.blogdagovernanca.com/2018/11/assembleias-de-acionistas-dando-adeus.html).
Noves
fora os advogados, o “destaque maior” fica com a pífia atuação dos investidores
nesses encontros.
Escrevi
na postagem do dia 10/7/20 sobre a complacência de investidores diante de
tantos descalabros no nosso mercado de capitais (veja em
https://www.blogdagovernanca.com/2020/07/investidores-aceitam-desaforos-em-troca.html).
Já
notaram que, salvo raríssimas exceções, os grandes investidores fazem papelão
nas assembleias?
Perguntas
objetivas antes da deliberação sobre demonstrações financeiras? Quase nunca.
Questionamentos
sobre proposta de orçamento/destinação dos lucros? Coisa rara.
Voto
fundamentado contra remunerações abusivas? Só mesmo dos investidores
signatários do Código Amec de
Princípios e Deveres dos Investidores Institucionais – Stewardship. (leia
o código no link https://www.amecbrasil.org.br/stewardship/codigo/).
Mas
quando é para a eleição de conselheiro tem até confraria organizada.
Confesso
que na famosa AGO do dia 22/7 foi a 1ª vez que presenciei um grande investidor
tentando “retirar” o seu “apoio” ao pedido de eleição de conselheiro de
administração por voto múltiplo.
Pior
que isso só mesmo ouvir uma procuradora repetir, às 1h30 da madrugada, um
extenso voto sobre remuneração, certamente elaborado pelo 4º escalão do
acionista controlador.
Semana
que vem tem mais crônica sobre assembleias...
Abraços
fraternos,
Renato Chaves
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