Doações merecem a atenção de investidores.
Uma pesquisa nos documentos
depositados na CVM mostra que poucas empresas listadas oficializam uma Política
de Doações.
O assunto normalmente é tratado
de forma genérica nos códigos de ética e conduta, mais preocupados com o “não
receber” do que estabelecer regras de “como doar”, além dos óbvios alertas de
relacionamentos com fornecedores e entes públicos.
São figurinhas carimbadas nesses
documentos as regras de recebimento de brindes, como se isso fosse o grande
problema do mundo corporativo. Aliás, escrevi sobre esse tema com um “exemplo
SEC” em 22/11/19 (https://www.blogdagovernanca.com/2019/11/perguntar-nao-ofende.html).
Mas parece que existe luz
no fim do túnel, como podemos ver no Informe de Governança da Klabin:
“As regras sobre doações voluntárias
da Companhia estão contidas no Manual Anticorrupção da Companhia, aprovado pelo
Conselho de Administração e destinado a administração, colaboradores,
fornecedores, clientes e às coligadas e subsidiárias da Companhia, tanto no
Brasil quanto no exterior, e estabelece que a realização de doações pela
Companhia deve observar as seguintes regras: (i) doações em espécie devem ser
evitadas: (ii) doações a órgãos públicos, tais como hospitais, corpo de
bombeiros, polícia militar e escolas, somente deverão ser autorizadas após
análise e aprovação da Diretoria, e devem seguir as normas internas da Klabin;
(iii) não devem ser autorizadas quaisquer doações que não tenham como
finalidade atender aos interesses das comunidades onde a Companhia atua e, em
hipótese alguma, ser realizadas diretamente a qualquer pessoa física; (iv) as doações a partidos políticos devem
seguir as determinações da legislação em vigor e as diretrizes da Klabin; e (v)
sempre que houver dúvidas, a Ouvidoria deve ser acionada para auxiliar nas
decisões.
Além disso, a Companhia possui uma
tabela de alçadas de doações aprovada pelo Conselho de Administração e está em
elaboração uma política específica de doações e patrocínios, que está em fase
final de aprovação. Vide link para acesso ao Manual Anticorrupção http://ri.klabin.com.br/fck_temp/1004_3/file/manual-anticorrupcao.pdf.”
Não estou aqui julgando se
doações devem ser feitas, muito menos questionando os valores doados.
O que peço, e já solicitei
a atenção da CVM para o assunto, é transparência, afinal quem doa no final da
história é o acionista.
Peço transparência não
somente em tempos de pandemia, já que inúmeras empresas listadas mantem
institutos para fomento de ações sociais e culturais sem prestar informações
claras sobre as regras adotadas.
Fiquem bem, fiquem em
casa.
Abraços fraternos,
Renato
Chaves
Realmente, doação é uma questão que passa desapercebida sob o manto da Boa vontade, mas não prescinde uma política corporativa clara. Bem lembrado.
ResponderExcluirRenato: recentemente tivemos o caso do Itaú, que mais parecia despesa de propaganda que uma doação. Hoje a notícia que a JBS estaria doando 700 milhões.
ResponderExcluir