Squadra inova com coragem.
Que as empresas brasileiras não gostam
de questionamentos todos já sabem.
Não é à toa que contratam advogados
ilustres para comandarem as suas assembleias, verdadeiros cães de guarda
prontos para enfrentar acionistas que ousem apresentar questionamentos. Um
verdadeiro exército, estilo guarda pretoriana: qualquer comparação com Darth
Vader não é mera implicância.
O que faz sucesso na Faria Lima e na
Dias Ferreira são os relatórios/cartas de gestoras com as chamadas "teses
de investimento", onde apresentam os fundamentos que suportam a manutenção
de uma posição relevante em suas carteiras: sobram elogios ao negócio e à alta
administração e faltam sinais de alerta. A cada leitura o investidor acredita
que a asset descobriu a fórmula da pólvora negra.
Aí vem a Squadra e inova ao questionar,
de forma contundente, as práticas contábeis de uma empresa queridinha do
mercado (leia mais em http://www.squadrainvestimentos.com/pdf/relatorio-2019.pdf e http://www.squadrainvestimentos.com/pdf/carta-2019.pdf).
São argumentos sólidos para justificar porque acreditam que o papel está
"caro", deixando bem claro que "apostam" na queda, algum
incomum no nosso mercado.
É proibido? Claro que não. Eles são
transparentes ao afirmar que tem como filosofia a "busca por distorções
significativas de preços". Será que o regulador vai meter o bedelho?
A conferir. A empresa errou ao conversar reservadamente com alguns poucos
investidores para questionar a asset? Entendo que sim, pois deveria fazê-lo
publicamente... Boa oportunidade para perguntar: cadê os chats com investidores
previstos na regra que criou o Formulário de Referência e que ninguém utiliza?
Está lá no item 12.2 do Formulário a pergunta se a empresa utiliza "fóruns
e páginas na rede mundial de computadores destinados a receber e compartilhar
comentários dos acionistas sobras as pautas das assembleias".
Não vou entrar no mérito se os
questionamentos estão corretos ou não, pois isso demandaria um tempo enorme
para entender as práticas contábeis de um setor complexo e falta-me tempo nesse
período de aprovação de demonstrações financeiras anuais. Nem os jogos do meu
querido Glorioso tenho assistido.
Não conheço ninguém na gestora, mas o
fato é que o relatório/carta é robusto e merece atenção.
Fica registrado meu singelo apoio.
Ousar lutar a boa batalha não é para qualquer um, especialmente nos dias de hoje.
Última cutucada: será que o caso tem
relação com a renúncia do presidente do conselho de administração? A conferir.
Abraços a todos,
Renato Chaves
Em nada questiono o comportamento do Squadra - são bastante transparentes e shortear papeis faz parte da atrividade de trading que dá liquidez ao mercado. Se o Relações com Investidores da empresa não acompanha a posição de short nas ações da companhia, não está sensível à opinião de investidores (as vezes o profissional de RI alerta, mas a administração não escuta) é certamente um problema de relações com investidores da companhia. Alguns anos atrás uma carta desse tipo - propagada por um jornalista e espalhada no mercado como "rumor" - causou a perda de 30% no valor das ações de uma empresa do setor de educação. Perdeu quase tudo que havia ganho no IPO. Um paraíso para quem shorteou. Porém o culpado não é quem shortea é a companhia que não ouviu o que ouvia de diversos analistas que a acompanhavam. As vezes a empresas contratam profissionais de RI muito juniors - em maturidade emocional - que sequer se tocam que que que alertar a administração.
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