2019: nada a comemorar no mercado de capitais.
Ficou louco, perdeu o rumo com as
agruras vividas no futebol (o quase rebaixamento do Glorioso) pensarão alguns
dos meus assíduos leitores. Com a bolsa flertando com os 117.000 pontos como
não comemorar efusivamente pelas ruas dos condados do Leblon e Faria Lima? (comemore,
mas nada de fogos de artifício, pois cães, crianças pequenas e autistas sofrem
bastante).
Acontece que, sob a ótica das boas
práticas de governança corporativa, os inúmeros casos de “atropelos” são de
deixar investidores adeptos de uma boa GC de cabelo em pé.
Teve aquisição de controle disfarçada
de joint venture para enganar investidores (operação “o meu jato é maior que o
seu”)? Teve sim.
E a chamada “operação de papel,
pague-se por um nome”? Grita geral, com direito a carta contundente da AMEC (https://www.amecbrasil.org.br/comunicado-ao-mercado-klabin/). Operação tão polêmica quanto a série de
TV “Casa de Papel” (eita piadinha infame)...
Teve empresa corruptora inventando o
“bolação”, bônus criado para “premiar” administradores que assinaram acordos de
colaboração com autoridades em processos que apuram o pagamento indevido de
vantagens a agentes públicos? Teve sim, até com o voto dos acionistas
controladores na AGE para blindar tais executivos, que foram indicados lá atrás
por quem? Quem? Pelos mesmos acionistas controladores. E quanto cada membro da
gangue levou para casa? Ninguém sabe, ninguém viu, já que a AGE deu um cheque
em branco... Processo/flecha neles !!!
Teve empresa querendo jogar no lixo o
contrato de longo prazo que fundamentou o IPO? Se não fosse a contundente
atuação do membro independente do comitê de negociação (com estrela de
ex-xerife ainda no peito) o negócio nefasto estaria consumado.
No âmbito das reclamações que formulei
para o xerife, uma dessas resultou em termo de compromisso de R$ 400 mil com o
DRI que divulgou fato relevante com “falha”, induzindo investidores ao erro. Um
empate com gosto de derrota, parecendo gol do Fogão injustamente anulado pelo
VAR, já que a operação maquiada foi concluída.
Reclamações antigas, como a que busca
responsabilizar administradores corruptores da terra do eteno, não saíram da
gaveta “em andamento”.
Visão muito pessimista ou duramente
realista?
Vale a pena dar uma olhada na visão
oficial sobre questões regulatórias em 2019 (http://www.cvm.gov.br/noticias/arquivos/2019/20191227-2.html).
Enquanto isso, Marcelinho da Bahia e
outros fãs de Tim Maia (são réus confessos em casos de corrupção ativa), continuam
habilitados para a atuação como administradores de empresas listadas.
Que venha 2020...
Não poderia encerrar o ano sem agradecer
o enorme apoio dos fieis leitores, incluindo a divulgação espontânea que fez a
audiência do Blog saltar de 35.000 visualizações para mais de 850.000 até
dezembro (números acumulados desde a criação em 2010). Um agradecimento
especial para os estagiários/estudantes de direito, uma turma conectada que
está atenta a tudo. Aliás, gostaria de ouvir a impressão dessa turma sobre
questões de GC... Vamos lá, se não quiserem postar comentários diretamente no
Blog pode ser por e-mail (rchaves@blogdagovernanca.com).
Desejo a todos um 2020 repleto de
alegrias.
Abraços a todos,
Renato Chaves
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