Operação Embraer x Boeing: que casamento é esse?
Joint venture ou venda do
filet mignon? Considerando a união Airbus-Bombardier essa seria a única opção
para a Embraer? Ocorrerá transferência da produção para Everett, com desemprego
em São José dos Campos? Ou só vai para a terra do Tio Sam a inteligência de
projetos?
Especulações não faltam,
até porque a empresa fala pouco (só tem um Fato Relevante de 21/12) e tem gente
que não devia falar e fala muito ... “as empresas continuam conversando e se
estão se aproximando – isso dá casamento”, disse um ministro (jornal Valor de
11/4 - http://www.valor.com.br/empresas/5443791/ministro-ve-embraer-e-boeing-mais-proximas).
Cotação do papel sobe, cotação desce “estilo gangorra” e me faz lembrar do
processo CVM RJ2007/11305... Como diria um grande amigo alvinegro, a história
se repete.
Dizem também que depois dos 50 a
memória pode começar a falhar.
Mas no caso da operação de
pulverização do controle acionário da Embraer, ocorrida em 2006, os fatos estão
tão vivos na minha memória como as defesas de Gatito Fernandez no último
domingo – aproveito para desejar
saudações alvinegras a todos.
Fato é que está escrito
nos fatos relevantes (especialmente aquele datado de 16/1/2006) e na proposta
da Administração divulgados à época, além de matérias de jornais, que a
limitação estatutária de voto de investidores estrangeiros, conjugada com os
mecanismos de proteção do capítulo VII do mesmo Estatuto, serviria para
proteger a empresa de uma tomada de controle hostil por parte de um concorrente
externo.
O argumento era
fortíssimo, principalmente se considerarmos que uma eventual desvalorização da
nossa moeda poderia tornar uma aquisição hostil extremamente vantajosa para um
concorrente estrangeiro.
Esqueçam o que foi
escrito. Mas está no Estatuto !!! Dá-se um jeitinho.
É verdade, não existe nada
de oficial sobre a estrutura da operação, mas especula-se fortemente que a
gigante norte-americana ficará com o controle de uma futura empresa que será
constituída com a operação de jatos comerciais e regionais (participação acima
de 80% segundo matéria de 06/02/18 do jornal Valor - http://www.valor.com.br/empresas/5308405/boeing-propoe-ter-90-de-empresa-de-aviacao-comercial-da-embraer).
Isso significa dizer que a
Boeing ficará com o controle daquilo que hoje representa quase 85% da receita
da Embraer, conforme publicado no item 10.2 do Manual para Assembleia de abril ?
Parece que só querem o filet mignon.
Vamos ficar de olho,
acionando a CVM se realmente for confirmada a operação sem a observância da
regra estatutária de oferta pública em caso de aquisição de participação
substancial (artigo 54 do atual Estatuto), o que seria um disfarce por
intermédio de um casamento “acoxambrado”.
Abraços a todos,
Renato Chaves
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