Publicação de demonstrações financeiras: o bom exemplo que vem lá do sul.



A WEG, empresa pela qual já guardava profundo respeito e admiração, dá o exemplo ao publicar seus resultados anuais em uma única folha dupla do jornal Valor (pgs. C3/4 do dia 01/3), com uma minúscula fonte Arial 2 (ou similar), o que torna a leitura impossível. Nada de caderno especial, cheio de fotos coloridas que nos remetem ao paraíso, com crianças sorrindo nos projetos sociais da empresa, garrafas de cerveja suando no balcão (refrigerante alcoólico de trigo dirão os mais críticos), geradores de energia eólica e suas enormes pás com uma belíssima praia ao fundo, etc.

Isso mesmo caríssimos leitores, um conjunto de informações feito para não ser lido, sem o parecer do auditor, mas que (aparentemente) cumpre a legislação e, mais importante, preserva o caixa da Cia. ao gastar o mínimo possível de recursos com papel jornal que irá terminar seus dias de glória como assessório sanitário para cachorro-que-não-passeia-na-rua.

Se você é investidor converse com o DRI das empresas onde investe. Todos os sites oferecem um link “fale com o RI”. Vai lá, não precisa escrever textão, não custa nada tentar. Continua a obrigação da idade média de publicação nos diários oficiais (famigerado art. 289 da Lei 6404/76), mas qualquer centavo preservado ajuda. Os grandes jornais não vão gostar, mas a grana economizada pode virar dividendos... #Ficaoexemplo

Abraços a todos,
Renato Chaves

Nota: não sou investidor da WEG porque a empresa respeita a CVM e divulga informações sobre remuneração no formato previsto na ICVM 480. Só invisto em empresas que escondem informações para tentar influenciar uma mudança.

Comentários

  1. Renato,

    cabe aqui uma breve avaliação com mais detalhe do caso.
    O Formulario de Referencia da Companhia aponta que eles usam três veículos:

    Valor Econômico SP
    Correio do Povo SC
    Diário Oficial do Estado de Santa Catarina - DOESC SC

    O maior custo certamente é do DOESC o valor Centímetro x Coluna do veículo não tem negociação.

    Quanto ao Jornal de grande circulação ao invés de um veículo como exige a lei eles usam 2, a publicação no Correio do Povo também foi resumida?
    E no DOESC?

    Enfim na publicação de Balanços o maior custo é o Diário Oficial, que certamente é ainda menos relevante do que uma publicação em jornal de grande circulação.

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    1. Caro amigo Denys,

      Liguei para a área de RI antes da postagem e fui informado que a empresa fez a publicação completa somente no DOESC.
      Aliás, consta no rodapé da publicação no jornal Valor a informação sobre o encaminhamento para a B3 e CVM, além da publicação no DOESC.
      Fico intrigado com esse poder dos diários oficiais: a quem interessa manter essa aberração em pleno século XXI?
      Um forte abraço,
      Renato Chaves

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    2. Renato

      Temos centenas de cargos comissionados nos DOs, tem Estado de muito menor poderio econômico que SC cujo DO possui mais de 20 cargos comissionados com remuneração expressiva.

      DO é a chave da questão em um conglomerado que assessoro eles gastam R$ 5 milhões por ano com publicidade legal, mais de 80% é DO.

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    3. OCP é um veículo local, Denys, importante para a comunidade. A WEG tem um significativo programa de participação nos resultados e o impaco econômico em Jaraguá do Sul é muito significativo. Aposto com você que, mesmo com uma tiragem bem menor, a publicação no OCP é bem mais lida.

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  2. Renato,

    Lembrei de uma polêmica a cerca deste tema, encontrei o link da discussão de um Veículo de Grande Expressão com a SEP/CVM.

    http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/decisoes/anexos/2016/20161101/0368.pdf

    Entendo que a principal questão é que caberia aos participantes de mercado buscarem pressionar seus parlamentares para alterar a Lei das S.A.s, até lá recomendo "by the book".

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    1. Denys,
      Agradeço o compartilhamento do caso. Não conhecia.
      Acho difícil mudar a legislação, pois o tema não interessa a deputados.
      Ainda existe o risco de vermos um bom projeto de lei deturpado por emendas estranhas.
      Mas entendi que a CVM lavou as mãos: se o investidor não reclamar pode publicar DF resumida. E só louco reclamaria.

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