“Uma ação-um voto” versus vale-tudo.
A polêmica surgida no 18º Congresso
do IBGC (painel “Implantação consciente das novas regras: Novo Mercado, Código
Brasileiro e Stewardship Code”) serviu para reacender o debate sobre o conceito
“uma ação, um voto”.
Está lá no Código
Brasileiro de Boas Práticas de GC: cada ação deve dar direito a um voto, pois
essa estrutura promove o alinhamento entre poder político e poder econômico.
Quem não pratica vai ter que explicar em 2018 nos formulários de referência e
penso que vai ter muito “chilique no explique”...
De um lado do debate no
painel a poderosa Abrasca, defendendo que “vale tudo” no mercado de capitais,
desde que “com transparência”. Confesso que não entendi, não imagino o que isso
significa... (me ajudem, coloquem a criatividade para funcionar, comentários na
caixa ao final do texto).
Fato é que essa posição
agrada um importante segmento do mercado: os astutos bancos de investimento,
interessados nas polpudas comissões recebidas em D+1 pelo volume “colocado”,
sem qualquer compromisso com o futuro da empresa emissora. Não poderíamos
esperar postura diferente desses tubarões movidos a bônus.
Do outro lado, o ativista/nano
investidor que rabisca estas linhas tortas e a Amec, na figura de seu
presidente, por entenderem que os interesses econômicos e políticos de uma ação
devem caminhar juntos (vide cartas da Amec nos links https://www.amecbrasil.org.br/cartaamecpresi-n-112015/
e https://www.amecbrasil.org.br/wp-content/uploads/2016/12/CARTAPRESI_142016_Vedacao_Superpreferenciais.pdf).
Já vivenciamos tantas situações de alavancagem do poder de controle nesse
Brasil varonil que novas ofertas de ações PN nos fazem temer a criatividade
daqueles que agem na busca incessante das brechas da lei, essa gente que morre
de medo de prestar contas em uma assembleia.
Penso que os grandes
investidores, leia-se BNDESPar, fundos de investimento e fundos de pensão,
deveriam incentivar a eliminação gradual das ações PN, mediante processos de
conversão voluntária em ações ON e migração para o Novo Mercado. Bons exemplos
não faltam: BrF, Banco do Brasil, WEG, Embraer e agora a Vale.
Adicionalmente a
processos de migração defendo um boicote à futuras ofertas com ações sem voto,
mesmo sabendo que o excesso de liquidez no mercado internacional sempre irá
encontrar “desavisados”. Será que investidores irão comprar ações PN de uma holding
não operacional permitindo que o Estado de SP controle a empresa de saneamento
com 16,6% do capital total?
Abraços a todos,
Renato Chaves
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