Lista atualizada de empresas que escondem informações sobre remuneração.
Chegou a hora da tão
esperada lista de empresas que enganam o mercado com o discurso falso de
transparência/boas práticas de governança corporativa e afrontam a CVM ao esconderem
informações com a proteção de uma decisão judicial. Vale frisar que as empresas
não estão proibidas de divulgar esse tipo de informação (remuneração mínima,
média e máxima de Administradores), mesmo tendo executivos filiados ao
instituto chapa-branca. A decisão trata tão somente da proibição de punição por
parte da CVM para quem não divulgar. Por isso muitas empresas divulgam, mesmo
com a filiação de seus executivos ao “famoso” instituto.
E nada mudou, como nos
revela o respeitado Anuário de Governança Corporativa das Companhias Abertas da
Revista Capital Aberto 2017-2018, lançado recentemente no Congresso do IBGC com
informações dos Formulários de Referência das 100 empresas mais negociadas na
bolsa brasileira (a versão digital contém 150 empresas – para assinantes em www.capitalaberto.com.br).
A falta de compromisso com a transparência de grandes empresas é entristecedora:
o percentual de empresas que utilizam espontaneamente a decisão judicial para
esconder informações sobre as remunerações mínima, média e máxima de seus
Administradores atinge 32%, percentual praticamente inalterado em relação ao
universo de empresas do Anuário 2016-2017 (35%).
Sem coragem para enfrentar a diretamente
a CVM, essas empresas usam uma associação que representa interesses
personalíssimos dos executivos, com zero de tradição no tema “governança
corporativa”......... Um verdadeiro “passa moleque” no nosso mercado de
capitais. Vale lembrar que o universo de empresas analisadas pelo Anuário muda
de um ano para o outro, por conta da dinâmica do critério utilizado – as
empresas mais líquidas. Eis a lista atualizada:
1.
Alpargatas
|
2.
B2W
|
3.
Bradesco
|
4.
Bradespar
|
5.
BTG
|
6.
CCR
|
7.
Cielo
|
8.
Cosan
|
9.
CPFL
|
10.
CSN
|
11.
Duratex
|
12.
Embraer
|
13.
Fibria
|
14.
Gerdau
|
15.
Gol
|
16.
Iguatemi
|
17.
Iochpe
|
18.
Itau Unibanco
|
19.
Itausa
|
20.
Kroton
|
21.
Lojas Americanas
|
22.
Met Gerdau
|
23.
Minerva
|
24.
Multiplus
|
25.
Oi
|
26.
Pão de Açúcar
|
27.
Santander
|
28.
Suzano
|
29.
Telefonica
|
30.
TIM
|
31.
Vale
|
32.
Via Varejo
|
Esse comportamento
covarde, que só atende aos interesses particulares dos executivos (já ouvi
falar até de questões relacionadas com pensão alimentícia), está chamando a
atenção de importantes investidores, associações/institutos e consultorias
internacionais de recomendação de voto, como podemos observar nos inúmeros
casos de assembleias em 2017 com votos contrários à aprovação das propostas de
remuneração.... Vejam as atas de Embraer (21% de rejeição), Vale (também 21%),
Oi (18%) e Kroton (20%). Teve até CEO que perdeu o emprego e, por tabela, a bucólica
vista da Lagoa.
O olhar atento sobre as
remunerações de executivos permite aos investidores, por exemplo, identificar
empresas que “consomem” quase 9% do EBITDA com essa “verba”, algo estarrecedor
quando comparado à média de 2,7% da amostra. Nas próximas postagens irei
apresentar números detalhados, para desespero de alguns executivos.
Espero que o
constrangimento de receber inúmeros votos contrários, uma verdadeira
admoestação, especialmente de investidores estrangeiros, faça essas empresas
recuarem, desistindo de usar a proteção da lei no interesse particular de
alguns poucos executivos.....
Não quer seguir as regras
da CVM? Vai ser administrador de Ltda de controle familiar em Sertãozinho !!!
Porque se for trabalhar em empresa listada na bolsa de Johanesburgo vai ter que
ser transparente.
Abraços a todos,
Renato Chaves
P.S. (dia 22/10): considerando
a postura no novo CEO (figura presente em todas as recentes assembleias), a
eleição de duas combativas conselheiras independentes (parabéns Sandra Guerra e
Isabella Saboya !!!) e as conversas de corredor entre acionistas, a Vale deve
sair da “lista da desgovernança/vergonha corporativa” no próximo ano.
E o IBGC continua aceitando patrocinadores mantenedores que estão na lista. Nem fica vermelho. Fernando Bisotto
ResponderExcluirCaro Fernando,
ResponderExcluirJá defendi aqui no Blog uma "volta às origens", com o IBGC só com associados pessoas físicas. Quem sabe assim os conselheiros dessas empresas não passassem a frequentar o Instituto? Além de evitarmos eventuais constrangimentos.
Um abraço,
Renato Chaves
Sinceramente, as que "publicam" as informações na maioria das vezes são "maquiadas". Sem contar que muitas delas "prezam" pela "sustentabilidade" em seus relatórios anuais e websites quando na verdade não existe igualdade de oportunidade de gênero em cargos de direção. E ainda em relação a remuneração de tais executivos são exorbitantes quando comparados aos menores salários pagos nestas das organizações.
ResponderExcluirPrezada Ingrid,
ExcluirConcordo com você com relação à falta de oportunidade de gênero em cargos de direção e às remunerações exorbitantes.
Alias, a FGV irá publicar um estudo comparando a maior remuneração com o salário médio por empresa. Polêmica pura.
Um abraço,
Renato Chaves