A nossa titica de galinha.
A história se repete: pau
que não bate em John Smith, não bate em Chico.
A leitura da resenha da
jornalista Maria Cristina Fernandes sobre o livro “The Chickenshit Club: Why
the Justice Department Fails to Prosecute Executives”, do veterano jornalista
Jesse Eisinger (saiu na revista Valor-Eu&Fim de Semana de 15/9/17 com o
título “A titica de galinha e a Justiça americana”), nos revela uma realidade
bem parecida com a nossa, em que pese a enorme diferença de tamanho dos
mercados: os criminosos de colarinho branco sempre saem impunes.
Ou melhor, nas palavras de
um investigador da SEC ao deixar a agência: “para os poderosos, somos, no
máximo, um pedágio”.
Acreditem queridos
leitores, até a finada Arthur Andersen obteve o perdão da Suprema Corte da
condenação por obstrução da Justiça. Meu queixo, que já estava caído desde a
derrota do querido Glorioso na última 4ª feira, quase bateu no chão.
O texto termina com uma
frase que poderia ser emoldurada por executivos de empresas corruptoras
brasileiras, aquelas empresas listadas como as que vagueiam pela Republica
Dominicana, Índia, Arábia Saudita e Moçambique: “Este país prende crianças por
porte de drogas, mas aceita que os grandes tubarões permaneçam livres porque
suas companhias fizeram acordo com o Departamento de Justiça”.
Vários amigos dirão que as
coisas estão mudando por aqui depois da prisão de acusados de insider trading. Não compartilho desse
otimismo, especialmente quando vejo casos anteriores, fresquinhos na memória, que
terminaram em pizza/cestas básicas, ou pior ainda, estão mofando nas gavetas do
STF aguardando uma ordem de prisão, que se vier deverá ser permutada por cestas
de produtos Sadia (um verdadeiro up grade na pena de execução).
No caso das empresas
corruptoras a situação é mais crítica: o dinheiro da propina saiu do caixa da
empresa e o brilhante CEO não sabia de nada, os experientes membros do Conselho
de Administração não sabiam de nada, o Comitê de Auditoria não sabia de nada, muito
menos o rabugento diretor financeiro que adota como regra básica o corte da verba
do cafezinho e afins. Se souberem de algum investidor propondo ação na CVM
contra esses astutos administradores me avisem, por favor.
Abraços a todos,
Renato Chaves
P.S.:
escrevo estas tortas linhas sem saber se a postagem será lida pelos meus
queridos leitores. Afinal, existe o risco de um tal planeta X (ou Nibiru)
atingir a Terra no sábado, dia 23. Ironia até no nome, deve ser praga do ex
topetudo. Aproveito para agradecer efusivamente pelas quase 250.000
visualizações do Blog: tem leitor até na Ucrânia, mas predominam leitores de São
Paulo e do bucólico balneário do Leblon.
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