Boletins mandam recado. Mas sobram ouvidos moucos dos Administradores.
Uma rápida olhada nos
mapas de votação à distância nos faz concluir que os investidores
definitivamente acordaram para o tema “remuneração de executivos”. Teve até
caso de mais votos contrários do que votos favoráveis e abstenções. Certamente
as opiniões das empresas estrangeiras de recomendação de voto ISS e Glass Lewis
tiveram um peso grande.
Foi assim na VALE, com 404.472.139
votos contrários e 268.817.156 favoráveis (2.768.628 abstenções).
Abre parênteses: a empresa
resolveu inovar, adotando um processo de captura de votos questionável, “sugerindo”
que os acionistas presentes, logo após a conferência de documentos, registrassem
suas “intenções de voto” em uma cédula ANTES de a assembleia começar
oficialmente!!! Como assim? Pode isso Arnaldo? A Administração quer saber o
resultado da votação antes da assembleia começar? Quer evitar surpresas? Neguei-me
a registrar “intenção preliminar de voto” (lá
dentro você pode mudar o voto, disse a antipática e perdida atendente), porque
entendo que só se declara o voto antes por boletim de voto à distância: é
o que diz a lei. Até porque o investidor pode ter uma opinião antes de chegar
ao conclave, mas mudar de ideia no desenrolar dos debates... Esse é o “espírito”
de uma assembleia. Outro aparte: a direção do conclave restringiu o tempo de
uso do microfone por parte dos investidores em 2 minutos por intervenção... Vale
lembrar que na AGO do ano passado esse tempo era de 3 minutos; protestei,
sugeri 5 minutos, mas fui ignorado. Postura arrogante, típica de quem tem ojeriza
ao debate. Resumo da história: foi um tumulto do cão, com um atraso de quase 2
horas para o início do encontro, acionista “banco grande” impedido de entrar no
auditório porque ainda estava registrando “intenção de voto” para seus “trocentos”
fundos de investimentos desde 10h (a assembleia oficialmente deveria começar às
11h), procurações de estrangeiros desconsideradas por questões burocráticas,
como falta de carimbo, um show de horrores.
Fecha parênteses...
Voltemos aos boletins: na
Gerdau a rejeição quase empatou com os votos favoráveis, com 15.627.910 votos
contrários e 16.025.799 a favor. Na TIM a situação foi parecida: 45.464.472
votos pela rejeição, 59.548.175 aprovando a matéria com 6.722.855 abstenções.
O mistério fica por conta
da Embraer, cujo mapa de votação à distância depositado na CVM revela 4 (quatro
!!!) votos contrários, nenhum a favor, nenhuma abstenção. Parece que o único
boletim que chegou na Cia foi o do “nano investidor” que vos escreve.
Vem aí a última semana de assembleias
e continuarei minhas andanças como “nano investidor” pelas empresas que
escondem informações sobre remuneração para votar contra as propostas de verba
global... Escondeu informação é voto contra, com o devido registro justificando
o voto tecnicamente - conflito de
interesse dos executivos que decidem não divulgar informações.
Definitivamente os
Administradores tem que aprender a realizar assembleia PARA os acionistas, os
donos, e não para cumprir burocraticamente os requisitos da lei. Ah, e pode
gastar mais um pouquinho no lanchinho, porque economizar com acionista trancado
em auditório até 18h a base de café/biscoito maisena/bolacha creme craker parece
hipocrisia, especialmente quando esses gastos são confrontados com a
remuneração galáctica dos executivos (vide postagem de 15/4). Nem empresa de
telefonia em RJ é tão zura... E duvido que o conselho de administração da
mineradora seja tratado com tamanha mesquinharia.
Que venham mais
assembleias, com a mochila cheia de bananadas e barrinhas de cereal.
Abraços a todos,
Renato Chaves
Parabéns!
ResponderExcluirperfeito.
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