Diversidade no comando de empresas? Aqui não...
A foto de página dupla,
publicada em um anúncio de uma importante empresa de alimentos brasileira no
jornal Valor do dia 14/12, revela aquilo que todos nós já sabemos: nossas
empresas são comandadas por homens, todos brancos. A foto não nega, 13 executivos,
vários engenheiros e uma sentença: são todos homens brancos. Alguns jovens, ok,
mas todos homens brancos.
Ou seja, a empresa que
anuncia “que faz parte da família brasileira” e que já havia nos massacrado com
anúncios fotográficos em jornais do seu conselho de administração igualmente
branco e masculino, assim como outras grandes empresas, está presente com seus
produtos nas nossas casas sem refletir a realidade da nossa sociedade. Parece
que existe mesmo uma barreira que impede que mulheres e negros galguem cargos
gerenciais. Eles simplesmente não aparecem nas fotos de conselhos e diretorias,
reservadas a quem usa Gillette Mach 3 e caneta Mont Blanc.
As únicas facetas da diversidade
nas nossas empresas são encontradas nos cargos com menor remuneração e na
garagem da diretoria: BMWs, Land Rovers, Porsches (Cayannes e Panameras) e um
ou outro mais acanhado Audi A3.
E já que a CVM está
mexendo na Instrução 480, que tal incluir um item nos formulários de referência
com números sobre a diversidade nas empresas – percentuais de negros e mulheres
na força de trabalho e em cargos gerenciais? Seria uma modesta contribuição
para o debate, ponta pé inicial para estudos mais complexos nos centros de
pesquisa.
Como diria o saudoso
Drummond:
"... A
injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros..."
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros..."
Abraços a todos,
Renato Chaves
Caro Renato
ResponderExcluircomo sempre muito bom, sua forma de escrever é leve porem contundente.
a) Sobre a diversidade de gênero - Entendo a questão e seus comentários facilmente.
b) Mas a questão da diversidade cultural, religiosa, valores, formação e etc...é muito ampla e na minha opinião, não deveria ser restrita a questão do branco e do negro. Acho reducionismo - temos sim é que construir uma sociedade de direitos e oportunidades para todos. Qual a razão do bolsa "qualquer coisa" favorecer primeiramente o negro e não o nordestino branco e pobre e etc...?
Entendo que a diversidade do mundo não é mais restrita a branco ou negro - Alias o muro do Trump é para barrar brancos.
Caro Artur,
ResponderExcluirEntendo a sua abordagem, mas a questão de negros e mulheres é o que salta aos olhos nessas fotos publicitárias de diretorias e conselhos.
Poderíamos ir mais além, olhando a formação dos administradores - só tem espaço para administradores, engenheiros e uns poucos advogados.
E o que dizer da discriminação que sofre o público LGBT nas empresas?
Por não ter como "enxergar" todas essas questões nas fotos publicadas no jornal Valor é que me restringi a escrever sobre negros e mulheres.
Um forte abraço,
Renato Chaves