O Natal está chegando: o investidor que acredita em laudos de avaliação também tem que acreditar em Papai Noel.

Como bem dito pelo vice-presidente da AMEC, Régis de Abreu, em seminário realizado na sede da CVM no dia 10/12, quando observamos os movimentos de fechamento de capital temos a impressão que voltamos ao final dos anos 90 em termos de governança corporativa: “Estamos em tempos de Novo Mercado, mas com velhos malandros” (jornal Valor de 12/12 – Bolsa quer participação do investidor na reforma do Novo Mercado, de Ana Paula Ragazzi).

O fato é que fechamentos de capital com o uso de laudos de avaliação cheios de nebulosidade ajudam controladores espertinhos a capturar ganhos vultosos.

Pra começo de conversa os laudos não poderiam ser feitos por bancos que mantêm relação comercial com a empresa objeto do laudo ou seu controlador. Outra regra deveria ser criada pela CVM para proibir o avaliador de prestar serviços para a empresa avaliada ou para o controlador/contratante por 24 meses após a operação. Isso reduziria o conflito de interesse gritante, já que um avaliador com rabo preso tende a aceitar as premissas oferecidas pela empresa avaliada sem muita crítica. Não se trata de uma acusação, mas de uma constatação, tão bem exemplificada na apresentação feita pela AMEC no citado seminário: “os laudos de avaliação são conta de chegada”. Mas ninguém questiona a capacidade técnica dos avaliadores.

E o medo de adesão ao Comitê de Aquisições e Fusões (www.cafbrasil.org.br)? Cadê as empresas que apregoam aos 4 ventos um forte compromisso com as boas práticas de GC? E o silêncio ensurdecedor dos investidores institucionais que deveriam cobrar uma mudança de postura das empresas? Hipocrisia a toda prova...

Finalizando, assino embaixo de mais uma afirmação do representante da AMEC: os laudos de avaliação no Brasil servem como “licenças para matar”.

Abraços a todos,

Renato Chaves

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