Demitir é a solução?
Toda vez que leio uma manchete sobre demissões em massa me vem à
mente a história da Victorinox. Abro a gaveta e fico admirando a verdadeira
obra de arte na forma de canivete.
Empresa suíça com 130 anos de existência, seus donos se orgulham
de nunca terem demitido funcionários por razões econômicas, ou seja, “para
ganhar um pouco mais”.
Isso mesmo depois dos atentados de 2001, quando a empresa perdeu
30% do faturamento com a proibição de venda de seus famosos canivetes nos
aeroportos e o transporte em aviões (carro chefe do faturamento – 40%).
Outro aspecto que chama a atenção é a regra de remuneração, que
não permite que a diferença entre a maior e a menor remuneração seja maior do
que 5 vezes (mais detalhes na reportagem “Victorinox acelera internacionalização”
do jornal Valor de 29/8/13).
Dá para imaginar isso aqui no Brasil? Estimo que por aqui a
relação maior remuneração/remuneração média seja de 400 vezes, enquanto que nos
EUA essa relação é estimada em 300 vezes.
Aliás, nunca vi por aqui Administradores anunciarem a redução de
suas remunerações em tempos de crise.
Vejamos o caso recente de uma empresa brasileira que ceifou mais
de 1.000 cabeças de uma vez só. Se ao invés de demitir profissionais treinados
(e não são operários de chão de fábrica), os Administradores dessem o exemplo e
reduzissem a verba global em 20% a economia seria de R$ 11,7 milhões no ano !!!
Quantas demissões seriam evitadas? E se reduzissem o tamanho do Conselho de
Administração? E se acabassem com a figura do conselheiro de administração
suplente remunerado?
Por fim, vale lembrar o efeito nefasto de demissões coletivas para
o futuro. Ruim para os empregados que ficam, que irão correr para distribuir
currículos na praça, reduzindo assim o compromisso com a Cia. ao mínimo
aceitável na expectativa do próximo corte de cabeças coletivo, e ruim futuras
contratações, pois os profissionais de fora já conhecem o histórico pouco
confiável da organização em termos de perspectiva de crescimento profissional.
Simples assim.
Abraços a todos,
Renato
Chaves
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