Renúncia: a prática de políticos corruptos invade o mundo corporativo.

A recente notícia de que dois executivos de uma importante empresa lusitana renunciaram depois que mais de €$ 800 milhões foram “desviados” do caixa para socorrer um importante acionista quebrado soa familiar para nós brasileiros. Nada de processo, sequer inabilitação. Como bem diz o ditado: tudo continua como dantes no quartel D’ Abrantes. Lavou, tá limpinho.... Se fosse em um país sério ao invés de passear em Trás-os-Montes esses gajos passariam uma longa temporada atrás das grades.

Isso porque aqui, nas terras de além mar, a prática de renunciar é comum quando um político corrupto é flagrado em transações “não republicanas”. Além do tradicional “eu não sabia de nada”, vale renunciar para o processo voltar para a 1ª instância judicial e assim buscar a prescrição dos crimes pela demora no julgamento, como recentemente o fez certo Senador mineiro.

No caso da terrinha, o diretor financeiro afirma que não foi ouvido (vide jornal Valor de 14/8), donde concluímos que a transferência dos recursos deve ter sido assinada pelo estagiário Manoel ou pelo office boy Joaquim, ambos recém contratados na famosa empresa de telecomunicações.

E o “mercado”, que fica revoltadinho e tanto reclama dos políticos, aceita candidamente esse tipo de comportamento no meio corporativo. Afinal, só existe corrupto porque existe uma empresa corruptora, sendo que algumas dessas empresas chegam até a receber prêmios nos nossos congressos de governança (e tinha que ser uma construtora para ter estilo).

Continuo fã da cultura japonesa, onde executivos e políticos adotam medidas radicais quando são pegos com a boca na botija, pois sabem que representam uma vergonha para suas famílias. Brasília, Lisboa e Belo Horizonte ficariam mais limpas...

Abraços a todos,
Renato Chaves

Comentários

  1. Renato,
    Práticas nocivas são como pragas numa lavoura, precisas de combate constante para não se alastrarem. Lá em Minas, quando criança a gente usava enxada para acabar com tiririca e tinha que cavar muito fundo porque a danada volta com força. Em governança corporativa a situação é parecida, a vacina é ética, mas como não se vende na farmácia, as empresas precisam ter bons controles internos: robustos, independentes, dinâmicos, ou seja, eficientes. E no ambiente externo, temos que cavar fundo, mudar a legislação, aprimorar nossa Lei Anticorrupção que acabou de nascer prevendo que executivo que lesar a empresa responderá mesmo transcorridos trocentos anos...

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