Wall Street é aqui.



Não sou crítico de cinema, portanto não vou chatear meus queridos leitores com uma avaliação da atuação do DiCaprio e muito menos blasfemar sobre supostos exageros do aclamado diretor Scorsese.

Mas nada como assistir um filme sozinho, sem nem comprar pipoca para o som não atrapalhar. Pois bem, em meio a tantas cenas “fortes” (segundo a revista "Variety", somente a palavra "fuck" e suas variações foram ditas 506 vezes), algumas que poderiam até ser classificadas pelos mais puritanos de grotescas, gostaria de chamar atenção para uma cena que pode ter passado despercebida diante de tanta leveza.

Refiro-me ao passeio de cavalo/aula de equitação da filha do Sr. Belfort, que acena para a criança e trava um rápido diálogo com seu advogado. Vivendo a turbulência de investigações da SEC (a CVM dos norte-americanos), o astuto (e teimoso) “empreendedor” ouve uma sugestão que poderia ter lhe evitado muita dor de cabeça: seu advogado sugere que ele faça um acordo com a SEC de uns US$ 2 milhões para encerrar definitivamente as investigações. Alguma semelhança com os conselhos rotineiros dos ilustres advogados brasileiros?

Por isso que somos uma cópia esfarrapada, por conta do nosso tamanho pífio, do mercado norte-americano. Copiamos o que não presta, como os termos de compromisso para todo o tipo de infração, aceitando ultrapassagens da fronteira da ética, nos limites da Lei. Lavou a sujeira? Então está limpinho....

Sorte deles que vira e mexe um juiz federal questiona acordos imorais. Por aqui juiz sério é colocado na geladeira, como vimos na história recente de quem se atreveu a prender banqueiro poderoso.

Só nos resta torcer para que o Projeto de Lei 1851/2011 seja aprovado, proibindo o uso de termos de compromisso para crimes hediondos no mercado de capitais. E também para que o Glorioso arrase o time do simpático Papa Francisco.

Abraços a todos,
Renato Chaves

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