Fazendo negócios em países onde a corrupção corre solta.
As dicas estão em uma matéria
publicada na Revista Harvard Business Review de outubro/12, que trata da
criação de uma empresa de telecomunicações no continente africano:
§
Blindar
a gestão local restringindo a alçada para gastos. Toda despesa acima de US$ 30
mil, isso mesmo US$ 30 mil, só era aprovada com autorização de todo o conselho
de administração. Como o centro de decisão não era local os corruptos de
plantão ficavam desnorteados, sem saber quem pressionar;
§
Eleger
conselheiros com conexões continentais, que permitissem a mobilização imediata
das autoridades em casos de tentativa de cobrança de propina por parte de
agentes governamentais. O escolhido foi um ex-secretário-geral da União
Africana, que usava o discurso de que qualquer tentativa de cobrança de propina
era uma vergonha para a África;
§
Só
participar em processos públicos de concessão de licenças – por conta dessa
regra a empresa desistiu de explorar oportunidades na Guiné e em Angola.
Resumo da história: a Celtel, criada
por um experiente executivo sudanês com 5 funcionários, US$ 16 milhões de
capital e licenças para atuar no Malawi, Zâmbia, Serra Leoa e Congo, foi
vendida antes de abrir o seu capital em Londres por US$ 3,4 bilhões para uma
empresa do Kuwait, tendo alcançado um faturamento de US$ 614 milhões,
investimentos de US$ 750 milhões e 5,2 milhões de clientes. E um lucro líquido
de US$ 147 milhões !!! Números impressionantes para quem acha que é impossível
atuar com seriedade naquele continente.
O mais irônico da história é que os
mesmos bancos que haviam exigido todos os estoques de ativos como garantia de
uma merreca de empréstimos (a juros escorchantes), meses antes da venda da
Cia., foram os que financiaram a empresa do Kuwait na aquisição, tendo como
única garantia exatamente os mesmos ativos.
Para reflexão gostaria de apresentar
um trecho da música Miséria, dos “Titãs”:
Miséria é
miséria em qualquer canto
Riquezas são
diferentes
Índio,
mulato, preto, branco
Miséria é
miséria em qualquer canto
Riquezas são
diferentes
Miséria é
miséria em qualquer canto
Filhos,
amigos, amantes, parentes
Riquezas são
diferentes.
Mas já passou da hora de caçar os bilhões desviados por
ditadores africanos para paraísos fiscais. E fazer algo concreto para mudar
aquela realidade assustadora, sem pensar somente em quantos aparelhos celulares
serão vendidos e quantas obras serão feitas.
Abraços a todos e uma boa semana,
Renato
Chaves
Começamos bem a semana com essa matéria Renato. Afinal, há muita coisa importante a ser criada naquele continente com respeito ao povo de lá.
ResponderExcluirAbraço
Pacheco
Boa matéria Renato,
ResponderExcluirAlgumas práticas poderiam ser usadas por aqui também, quem sabe não teríamos campanhas eleitorais mais enxutas. Afinal de contas:
"Miséria é miséria em qualquer canto"
Abs,
Denys Roman
http://www.linkedin.com/in/denysroman